domingo, 1 de novembro de 2009


O silêncio me encanta. Não que as palavras não o façam. Minha urbanidade me permite gostar dos ruídos que perturbam a maior partes das pessoas. O caos me consola muitas vezes. Assim como a gritaria, o coro. Nada se compara, contudo, à musicalidade que vem de você. Todas as suas notas e gradações. A variação entre o grave o agudo. E, para falar a verdade, seu leve desafino desperta meu riso favorito. Seu dedilhar suave e seus sussurros me desatinam. Seu som me guia na escuridão dos meus próprios sonhos. O barulho da sua respiração me traz, dia sim, dia não, de volta à vida. O som do sangue correndo em suas veias também. O ruído dos seus passos é inconfundível. E eu não consigo trancar a porta antes de ouvir o ronco do motor do seu carro. A trilha sonora das minhas noites foi escolhida por você. E o meu melhor repertório foi montado para você. Apesar disso, não posso ser injusta com a ausência total de som. Eu me sinto embriagada e entorpecida pelo silêncio. Com a avalanche de paz que me invade. Não preciso do silêncio para raciocinar. Pelo contrário, preciso do silêncio para me despojar de qualquer vestígio de pensamento. O silêncio descansa minha mente, me inspira e desperta os meus desejos. Poucos entendem minha necessidade de silêncio como você. Ninguém nunca a respeitou como você. Não te amo por isso. Mas tenho que certeza que te amo em função disso. Sinto que sou mais sua no silêncio.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Meu chefe me perguntou dia desses o que eu faria se, de repente, ganhasse muito dinheiro. Eu disse que era conservadora o suficiente para investir em imóveis. Desde então, para ele, eu não sou mais uma moça como as outras. Mulheres que são mulheres investem em bolsa. Bolsas, sapatos e roupas! Piada infame, claro. Não costumo me aventurar. Nunca fui uma criança de subir em árvores, por medo de cair; nem de andar de bicicleta, por medo de esfolar meu joelho; nem de fazer travessuras na escola, para não decepcionar meu pai. Sem fazer nada disso, eu caí várias vezes, me machuquei outras tantas e, o pior, não atingi a perfeição que eu tanto gostaria de transpassar para os outros. Até quando vale a pena arriscar? Qual o limite? Quando parar? A instabilidade das bolsas de valores me deixam louca, embora eu me divirta com aquela muvuca dos pregões. Todos aqueles braços para cima, tanta gritaria. Mas não é para mim! Antes fosse! Melhor seria se eu colocasse tudo a perder. Adoraria me despir de todos os pudores e fazer como as minhas amigas que saem com quatro caras ao mesmo tempo sem nem ficarem vermelhas. Não as invejo. Eu sou uma menina séria, sabe? Dessas que precisam de negócios, jurídicos ou não, também sérios. Estabilidade, segurança. De repente, nem tantos lucros. Mas sem muitas perdas. Minha avó sempre disse para eu comprar terrenos e casas. São sólidos. Todo mundo precisa de um chão para chamar de seu. As pessoas precisam de ter para onde voltar no final do dia, ao término de uma viagem ou no fim da vida. Se algo começa errado, qual a hora de desistir? No início e antes de maiores apegos? Ou é covardia? E tem-se que tentar consertar? Mas esse tempo não pode ser perdido? Se não parece dar certo, qual a razão de se tentar? E depois do transcurso do tempo? É justo desistir? Depois de tanta coisa? Quando é melhor conversar? Quando o silêncio pode acalmar as coisas? Acomodar-se com algo é sinônimo de medo? Não arriscar é para os fracos? Adrenalina ou calmaria? Na verdade, só quero um lugar para voltar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Entrego-me irracionalmente à flagrante confusão estabelecida e ao iminente sofrimento causado pela quase rendição aos meus instintos. Tudo para evitar arder eternamente nas chamas das profundezas do inferno. Não quero o céu. Não, não, não! Tenho pecados demais para pleitear tanto. Confesso todos os meus erros. São muitos, tantos. Só não quero mais me queimar com tamanho ardor. Minha epiderme, já tão desconfigurada, clama energicamente por um intervalo de descanso, mas não de paz. Meu eterno vício pela dor tem me intoxicado cada dia mais. A clínica de recuperação, minha morada nos últimos meses e anos, já me acena loucamente. E lá se vão mais algumas rúpias. Junto vai meu estômago, outrora pouso de borboletas, e minha serenidade, assaltada a cada nova estação. Ladrão!, devolva tudo o que é meu. Estado, puna. Exijo reparação por perdas e danos. Vida, encaminhe-me para a obviedade que já deveria ter sido consagrada como clichê. Nando, não pare de repetir a velha canção até que eu me convença da sua sabedoria. Com as minhas ânsias hodiernas, tome também minha alma e as minhas paixões fracassadas sacrificadas e dilaceradas pelo tempo. Carregue meu desespero, não mais leve, e, ainda, minha tontura diária e minha eloquente burrice. Todos para o local mais distante que possa existir. Para a terra do nunca ou para o canto onde tudo é possível. Incendeie aquilo que me polue e me envenena. Deixe-me tentar novamente e recomeçar. Do zero. Como se não houvesse tudo até agora ou como se o tudo fosse nada. Conceda-me a redenção. Permita-me ser o que já não sou há tanto tempo. Reinicie-me. Já!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


Eu não posso me considerar uma pessoa eclética em termos musicais. Certamente, sei cantarolar músicas em todos os gêneros (até porque considero boa parte das composições absolutamente previsíveis), mas isso não significa que eu goste de tudo. Como nunca fiz aula de música, para mim, a questão vai além da melodia. As canções partem, para me agradar, de boas letras. Não adianta vir com aquela história de que algumas música são feitas apenas para serem ouvidas e não para serem pensadas. Talvez, em virtude de pseudo-escrever tanto, eu goste de analisar a edição do que eu cantarolo por aí. E, como sou perfeccionista ao extremo, costumo estudar repertórios. Assim sendo, eu tenho o hábito de pegar o arsenal de um artista e dissecá-lo. Pesquiso acerca de minúcias em cada fase do meu objeto, analisando a evolução ocorrida.

Noite dessas me deparei com o Milton Nascimento em um programa de TV. Tão decadente. O tempo pode ser cruel com as pessoas. Sou fã dele há tanto anos e foi terrível vê-lo naquele estado. Mas como é a primeira vez que resolvo falar de música por aqui, não me sinto habilitada a começar já me referindo às maravilhas que esse homem já produziu. Registre-se, contudo, que ele foi a inspiração do post.

Falarei sobre Tiê. Como telespectadora do MTV Lab acabo sempre com um monte de novos nomes para estudar. Aconteceu com a referida garota, que dia desses estavam na companhia de Serginho nas Altas Horas da vida. Li por aí que Tiê é a Malu Magalhães para adultos. Quanta injustiça. Eu só gosto na Malu do seu namorado.

A Tiê é, em primeiro lugar, lindinha, tendo sido, inclusive, modelo da Ford. Já estudou canto em New York e foi também vocalista da banda do Toquinho. O primeiro álbum de sua carreira é independente e se chama Sweet Jardim. Apresenta a doce aglutinação de arranjos cuidadosamente delicados e uma voz para lá de afinada. E é super romântico. Com composições e composições da própria. O clip de Te Valorizo é uma graça ("Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar, e foi pra lá, e foi pra lá. E te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada de amor. Faltou o ar, faltou o ar"). Eu gosto bastante de Dois, Quinto Andar e Assinado Eu também. Mas como não adianta eu ficar descrevendo, descrevendo, descrevendo: http://www.myspace.com/tiemusica
Fica a dica.

domingo, 4 de outubro de 2009


O mundo gira. Dá voltas e mais voltas. Vai e vem. Faz os 360 graus e nós estamos aqui. Na exata mesma posição para a qual sempre retornamos. Você aí, eu aqui, um de frente para o outro. Com esse ar de "vamos tentar outra vez". Porque tudo parece claro hoje. Se você tivesse me ligado avisando que ia com os amigos para o bar, não teríamos brigado e estaríamos juntos até hoje. Se eu não tivesse alimentado o papo com o cara que chegou em mim enquanto você foi ao banheiro, nem teria havido discussão. Se nós fôssemos mais flexíveis, poxa, teria dado certo. É tudo tão simples. Nossa mania de complicar tudo é tão simples. E a gente briga para voltar com mais força. No lema "juntos para sempre". Tão bonito, tão simples e soa também. Ver você dar corda para a menina que odeio? Minha dor de cabeça de todo sábado a noite? Nosso "não queremos nos expor"? Que nada! A gente nasceu mesmo foi um pro outro. Não importa o caminho que cada um segue. Ali na frente, bem ali, a gente se topa de novo. Suas mentiras mal contadas não são nada. Minha falta de esforço em te agradar também não. Um cartãozinho aqui e pronto. Larga tudo e vem. Deixo o mundo e vou.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu tenho um milhão de teorias.

Uma delas é de que existem algumas pessoas que fazem qualquer filme valer a pena (qualquer coisa, na verdade, mas hoje o foco é o cinema). São eles: Sean Penn (do lindinho Lição de Amor e, claro, ex de Madonna), Meryl Streep (quinze vezes indicada ao Oscar e dos divertidos e recentes Terapia do Amor e O Diabo Veste Prada) e Woody Allen.

Ai, Woody!

Woody é bem conhecido pelas tiradas irônicas e frases de efeito. Defende que não há como superar a morte. Avesso ao calor, repudia a ideia de morar em um país tropical ou em uma cidade pequena. É admirador de Machado de Assis e, inclusive, já presenteou alguns amigos com Memórias Póstumas de Brás Cubas. Afirma que o autor brasileiro mistura sofisticação e diversão com grande habilidade.

Um final de semana desses eu resolvi rever (e eu detesto assistir filmes mais de uma vez) Vicky Cristina Barcelona. Cannes rejeitou o filme. Eu não! Já me encanto de cara com o fato do filme se passar nas ruas de uma cidade européia. A trilha sonora também é bastante agradável. E traz no elenco Penélope Cruz (sou louca pelo cabelo dessa mulher), Scarlett Johansson (atriz-cantora-etc-e-tal) e a gracinha da Rebecca Hall. Ah, sim! O galã é o Javier Bardem que, dizem, é o pai do filho que, dizem, Penélope está esperando. A Penélope inclusive ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante daquele ano (Ok! Sou fã da Penélope! Sempre espero a passagem dela pelos red carpets da vida). O enredo é sobre duas amigas, uma centrada e outra impulsiva, em férias por Barcelona, que se envolvem com um pintor, que tem uma ex-mulher maluca.

Achei o máximo os cortes no filme, os diálogos, os visuais das garotas, os cenários, as críticas sutis ou não ao comportamento humano, o enfoque peculiar em relação aos temas mais recorrentes do nosso dia-a-dia e, também, do final. Principalmente do amor visto como uma possibilidade que deve ser encarada quando e da forma que nos é oportunizada. Isto é, absolutamente Woody. E, portanto, ótimo! Porque eu vejo que eu tenho um mega parceiro para as minhas neuroses rotineiras.

Bate aqui, Woody!

domingo, 13 de setembro de 2009

Se tem algo que eu considero digno de ferrenhas críticas são aquelas pessoas que mudam quando começam a namorar. Exemplico. Minha amiga M me ligava desde segunda para tentar me convencer a sair no final de semana, em uma época que eu era mais caretinha, chatinha e preguiçosa. Eu, super legal como sou, apresentei a ela o seu atual namorado. A menina sumiu. Fica de ligar e não liga e sempre tem uma série de compromissos inadiáveis com as famílias do casal. Tem também a amiga B. B era super feminina e fashionista. Usava vestidinhos leves e alegres, fazia a make perfeita e tinha os acessórios luxuosos sonho de qualquer uma. Conheceu o atual namorado e agora só circula por aí de calça jeans e cabelo preso. Isso sem falar da K. A pobre K não sai mais de casa, porque o boy tem que morrer de estudar e ela não pode sair sozinha, pois vai que um dia ele resolve sair só também. Eu não tenho a menor paciência para nada disso. Outro dia escutei pela milésima vez que sou mandona, autoritária e mimada. E então eu não dou certo com ninguém, já que em um relacionamento é o homem quem deve estar no comando e blábláblá. Não sei se é bem assim, mas eu não faço o tipo "vou me adaptar ao seu jeito". Falta-me boa vontade para tanto. Eu tenho um ex-namorado que quis que eu mudasse muito em mim. Ele queria que eu deixasse minhas garotas companheiras de anos para me sucumbir às opiniões do amigos chatos dele. Quis que eu risse das piadas daqueles meninos. Quis que eu não desse bom dia para o porteiro do prédio ou não fosse simpática com o garçom do restaurante. Quis que eu fizesse as unhas duas vezes por semana. Quis que eu fosse sorridente em jantares em restaurantes ultrapassados. Quis que eu virasse uma adepta de filmes de super-heróis. Quis que eu engordasse uns quilos e entrasse na academia. Quis que eu me contentasse com pouco. Ou com o que o fazia feliz. Pobrezinho. Ele escolheu a mocinha errada. A senhorita aqui é muito bem resolvida e não vai fingir amor, felicidade e simpatia para agradar aos outros. Não vai se transformar em uma bonequinha com tiradas moderadas. Não porque seja auto-suficiente. Mas pela consciência de que amores vêm e vão. E o que a gente é e o que a gente quer é o que precisa permanecer e ser certo. O resto é efêmero e passa.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009


Aaaaai, dói. Infinitamente. E eu não sei a causa exata. Mas dói. Pior que o quase desmaio de outro dia. É essa tendência de quase chorar o tempo todo. De não ter mais onde se apegar. De ter o mundo ao redor, mas não querer nada do que se tem. Cada machucado, então, resolve dar as caras e dizer que não foi cicatrizado e jorra sangue por todos os lados. E inunda a sala, a cozinha, o banheiro. E arde, de repente, cada ferida. Que vontade de deitar na cama e não levantar por uma semana. Chorar compulsivamente e ligar para todas as amiguinhas de décadas. Só isso e mais nada. Desejo de chuva, vento, frio. Impulso de sair correndo pro médico e pedir um remédio para o doutor. Umas pilulazinhas que sejam. De efeito imediato. Só faz parar tanta dor. Internação, se for o caso. Eu fico na clínica o tempo necessário. Uma semana, um mês. Me seda. Me joga na UTI. Me entuba. Me coloca no soro. Mas faz parar de doer. Devolve minha saúde. Cura os meus machucados. Aplica injeções. Só me deixa boazinha outra vez. Estanca esse sangue todo. Faz um curativo que seja. Coloque band-aids coloridos. Fecha tudo isso que tá aberto. Dê sessenta e sete pontos horrorosos. Faz com que eu fique melhor. Não me deixa perder mais sangue. Não me deixa assim exposta pras bactérias, pros microorganismos, pro mundo. Cuida de mim!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009


O post do dia é uma confissão de covardia. Acho que todo mundo já está cansado de ler por aqui acerca do meu pânico por relacionamentos saudáveis. Todas as pessoas que convivem comigo sabem que tenho uma alergia a envolvimentos. Eu sempre creditei isso ao fato de que não há na minha família nenhum casalzinho feliz. Portanto, falta-me inspiração para cenas românticas em parques, por exemplo (mas te dou super apoio, Fê!). E eu construí um milhão de barreiras quase instransponíveis para o tal do amor entre menino e menina e suas manifestações mais simples e corriqueiras. Uma vez, há não muito tempo, o meu melhor amigo de anos pegou meu pobre coraçãozinho, jogou pro alto e saiu correndo. Pobre heart se espatifou e algumas partes continuam perdidas por aí. Então, as coisas pioraram. Porque eu não tenho dado muita chance para as pessoas. Desconfio de tudo. E nego, absolutamente, o direito ao contraditório e à ampla defesa a qualquer uma delas. Só que as pessoas não merecem isso. E elas não têm nada a ver com as minhas deficiências naturais. Outro dia eu fiz alguém chorar. E fazer alguém chorar fez a minha alma doer. Fazer chorar alguém que nunca te deu o menor motivo para não gostar, destrói. Fazer chorar alguém com quem você divide os melhores planos para o futuro, é um ato de pura mediocridade. Então, eu peço, covardemente, desculpas a todos aqueles que tentaram entrar na minha vida e foram recebidos com armas empunhadas, a quem eu fiz chorar (mesmo sem querer), e a mim mesma pela falta de disponibilidade emocional.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ontem eu quase desmaiei. Ontem foi um daqueles dias que eu torci para acabar rápido. Ontem foi um dia que considerei perdido. Ontem foi meu terceiro dia de febre intensa, tosse, espirros e dores do corpo. Ontem foi o dia que acordei após 15 horas de sono profundo. Ontem eu resolvi que faria tudo o que vinha adiando. Aula chata com chamada. Organização da minha sala. Verdades para o chefe II. Deveres de casa. Amigos novos. Reuniões para o trabalho voluntário. Caronas. Banco. Compras. Contas. Ontem eu quis fazer tudo o que não fiz em um mês. Ontem eu decidi que queria te ver. Ontem te encaixei no meu dia. Com a pior das desculpas. Inventei desculpas só para mim (nem me preocupei em passá-las a você). Ontem eu percebi que precisava te ver. Eu tinha que lembrar do seu rosto com precisão. E não podia ser em um jantar romântico ou em uma peça de teatro. Eu necessitava te ver em um outro ambiente. E fui. Ontem eu vi que falta um pouco de tinta no seu mundo. Ontem eu te olhei e te achei lindo. Amei seu corte de cabelo, sua barba por fazer. Acrescentaria cores à sua blusa, trocaria o seu sapato e roubaria as suas ideias brilhantes e saídas inteligentes. Ontem eu tive certeza que o nosso amigo tinha razão quando disse que você era perfeito para mim e eu era perfeita para você. Mas aí veio a vertigem e eu quase desmaiei. Nas escadas, na sua sala, no seu quarto. Tudo escureceu. E o mundo girou ao meu redor. Ontem eu juro que quase desmaiei. Eu juro, juro, que queria justificar colocando a culpa no calor ou na minha má alimentação do dia. Ou na minha gripe. Eu juro que queria que fosse qualquer dessas possibilidades. Mas não foi. Eu juro que me dói dizer isso. Ontem eu quase desmaiei, porque quando te vi com todo aquele ar irônico e aqueles olhos de cumplicidade, eu pensei que seria feliz ao seu lado. E eu quase desmaiei nessa hora, porque eu percebi que tenho pânico de relacionamentos tranquilos e potencialmente bons. Eu quase desmaiei, porque me odiei por falar tantas bobagens e tentar parecer uma criança de cinco anos de idade só para você não gostar de mim. Eu juro que me odiei por colocar tudo a perder. E eu quase desmaiei quando você esticou os braços para me abraçar e me tocou com aquela malícia toda. Eu juro que me odeio por causa desse pânico todo. Eu juro que te queria aqui medindo minha temperatura de cinco em cinco minutos. Eu juro que queria estar aí para cuidar das suas infindáveis dores nas costas. Ontem foi o dia que eu quase desmaiei para te evitar.

sábado, 29 de agosto de 2009

Eu gostaria de te pedir, encarecidamente, uma coisinha e, por favor, não se ofenda, mas você se importaria, por acaso, em dar uma licencinha da minha vida? Eu sei que posso me arrepender do que estou dizendo, porém, agora, eu gostaria muito que você fizesse isso. É que, me desculpa, mas eu estou me sentindo um pouco sufocada. E, sim, isso é graças a você. Porque eu, realmente, preciso que você assuma as consequências da sua falta de discernimento e me deixe viver em paz. E não me cerque, não tente ser amigo dos meus amigos, não faça perguntas sobre a minha vida, não me siga na rua, não fique me esperando na porta do meu prédio, não vá até a minha sorveteria favorita. Eu não preciso dos seus elogios. Muito menos das suas opiniões. Imagina, então, das suas especulações. E como você já sabe o caminho, eu me poupo de ter que te acompanhar até a saída.

(Gente, esse post é para acalmar todos aqueles que me ligaram na última semana preocupados com a minha saúde mental. Sério! Eu perdi as contas das pessoas que me telefonaram exigindo satisfações e pedindo explicações. Nem falo dos assustados. Queridos e queridas, eu também posso me declarar de vez em quando, né? Do meu jeito meio pseudo, mas posso brincar disso. E juro que não conto o que há de verdade e mentira naquele texto. E nem neste!).

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu te amo. Se é disso que você precisa, está aí. Não entendo a sua dúvida. Não sei o motivo de você fazer tanta questão de ouvir isso. Falei. Não me pede para repetir olhando nos seus olhos. Não faça isso comigo. Você sempre soube da minha aversão por declarações. Mas, eu juro, que é de verdade. Só que se eu fizer do jeito que você quer, naquele clima de mocinha e galã de novela, vou ficar com a sensação de que estou flutuando nas nuvens. E, meu caro, gosto de sentir os meus pés bem fincados no chão. Não tem outro. Nunca mais teve. Quem colocou ordem na minha bagunça sem fim foi você. Quem me apresentou para a literatura clássica também foi você. Se eu disse o que você queria ouvir, então deixa de cobrar palavras, palavras e palavras. Eu escrevo. Eu posso manipular todas essa palavras, meu bem. Mas se não fosse isso que a gente sabe que é, eu não teria essa inquietude matinal enquanto não falo com você, nem lamentaria suas viagens repentinas e longas, nem fingiria soninho quando você só quer adormecer. É você, é só para você e é todo seu.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Seis filmes assistidos na última semana, entre eles o "por favor, não assistam" Marido por Acaso (que me deixou muito preocupada com a Uma Thurman) e o "corram, porque é lindo" O Contador de Histórias, eis que resolvo falar de Em seu lugar. Pensei em escrever sobre ele, em primeiro lugar, por causa da Cameron Diaz.

Após ver Jogo de Amor em Las Vegas (com o fofo do "mod" do Ashton Kutcher) e o adorável O amor não tira férias (de elenco estrelar), minha amiga Isis e eu chegamos à conclusão de que a Cameron chega a ser irritante (a parte do irritante é por minha conta, confesso). Nós só nos inconformamos com o fato de ela ficar bonita com qualquer roupa. Sério: calça jeans de cintura baixíssima e top branco curto: maravilhosa; vestido juuuuuuuuuuuusto verde-oliva: espetacular; conjunto de moletom largo (mais parecido com um uniforme de gari): fantástica! Fora o fato de ela segurar um cabelo curto como poucas. De tal forma que eu chego a dizer: Justin, meu caro, nada contra a sua pessoa (não mesmo), mas ela era muito para você.

O filme. In her shoes começa de um jeito que te desanima. Traça um paralelo entre Maggie e Rose, duas irmãs absolutamente diferentes: uma fútil, gata, farrista, irresponsável e uma advogada feia (uma sacanagem com a Toni Collette colocá-la de irmã da Cameron), chata e bem-sucedida, mas com um armário repleto de sapatos tão maravilhosos que deixaria Carrie Bradshaw com invejinha. Do tipo loira fatal, a Maggie consegue drinks e noites maravilhosas fazendo uso do seu incrível charme e poder de sedução, enquanto Rose passa horas trancada em um escritório encucada com o seu peso.

Depois de mais uma briga, Maggie vai para a cama com o namorado de Rose e eles são flagrados por ela (traíra, traíras). Maggie então resolve ir atrás da avó, que ela até então nem sabia que estava viva. Mas ela vai para tentar extorquir a pobre velhinha, que reside em um maravilhoso Centro Ativo para Idosos. Ah, coisa mais linda do mundo o lugar. Senhores e senhorinhas arrumadinhos e felizes em um espaço só para eles. Muito verde, piscinas, programação esportiva e tudo. Aí eu preciso dizer que quem nunca foi à um asilo precisa ir. Óbvio que por aqui não vai ter um lugar tão bacana quanto o do filme. Mas eu garanto que é uma experiência enriquecedora e gratificante (assim como visitar creches de crianças carentes e presídios). São lugares para entrar absolutamente despojado de preconceitos e sair com a impressão de ter vivido cinco anos em uma tarde.

No Centro, a Maggie começa a trabalhar (porque antes essa prática era inaplicável a ela). E a gente descobre que ela não é uma tola idiota. Ela tem dislexia, ou seja, uma dificuldade na leitura, escrita e soletração que a travam bastante. Mas ela começa a superar isso lendo poemas para um senhorzinho em estado terminal.

Bacana ver o amor fraternal. As irmãs se amam incondicionalmente e uma precisa da outra, uma se encontra na outra. E isso fica bem claro no final da obra com o poema "Eu levo você comigo", do E.E. Commungs ("Eu levo seu coração comigo, eu o levo no meu coração, eu nunca estou sem ele, onde quer que eu vá você irá, minha querida, e o que é feito só por mim é seu feito, minha amada, não temo o destino, pois você é meu destino, meu encanto...").

Eu achei o filme um pouco grande, mas não tive em nenhum momento vontade de deixar para assistir ao seu término outro dia. Não há surpresas, o final é felizinho, mas a história é muito bem conduzida. A Cameron, inclusive, mostra-se mais do que uma bonitona. Acho que vale a pena ficar atento à programação do Telecine.

Ah! Para os adeptos da leitura como eu, o longa é baseado em um livro da Jennifer Weiner.

domingo, 16 de agosto de 2009


Ele é o meu contato para depois de meia-noite. Eu funciono bem de manhã, sou sonolenta no turno da tarde, preguiçosa pela noite e ativa na madrugada. O relógio dá as badaladas indicando um novo dia e eu me animo toda. Tenho um milhão de ideias, meu raciocínio se torna rápido, me torno um ser criativo capaz de resolver qualquer equação matemática. Aí são filmes, seriados, textos, livros, monto looks incríveis para a festa de daqui um mês, treino maquiagens bárbaras que nunca usarei. Só que, às vezes, parece que eu esgoto todas as minhas possibilidades. Eis que ele entra em ação. O meu contato para depois da meia-noite. O nome dele está o dia quase todo nas opções on-line da internet, entretanto eu sei que ele só está mesmo lá de madrugada. E, droga, ele descobriu essa minha história de insônia. Aí, ele vai vendo a minha carinha e já vem puxando o maior papo. E se convidando para sair comigo. Para tomar vinho, jantar, ir ao cinema, conhecer a família dele, etc e tals. E ele se mostra tão disposto a me ver que eu faço ele pegar o carro às 3 horas e vir correndo aqui em casa. Eu desafio, ele aceita com aquele sorriso todo. E, olha, eu garanto, ele nem precisaria sorrir para mim. Porque quando ele se aproxima parece que bate um vento que me arrepia toda e, ao mesmo tempo, me esquenta. E a gente tem tanto assunto que nem precisa falar nada. Ele só me abraça e fica tudo bem. Eu respiro fundo e seria capaz de ficar ali imóvel por horas, dias, se fosse preciso. Só que aí ele vem e me coloca no colo. Parece que ele adivinha que eu, em alguns momentos, só quero me sentir protegida. E a gente fica assim. E ele me beija. Por longos minutos. Incrível como não acaba o fôlego. De repente, ele para, me olha e beija de novo. E, assim, a gente vai até amanhecer. Ele me pergunta se eu não tenho que acordar cedo no outro dia. E eu tenho, claro. Mas eu digo que não, porque é tão bom ficar daquele jeito. De vez em quando, alguém me pergunta se ele não seria o meu par perfeito. Não, ele não seria. Ou até seria, sei lá. Mas eu gosto tanto de não conhecê-lo suficientemente bem, de não saber se ele gosta mais de azul ou de verde, de praia ou de montanha. Gosto de vê-lo pouco. Ou quase nunca. Gosto de ele me procurar e eu não ter o mesmo empenho. Não, ele não é o meu estepe. E se fosse, acreditem, ele seria o meu estepe de luxo absoluto. Algo como um vestido de noiva Oscar de la Renta, um sapato Manolo Blahnik, uma bolsa Louis Vouitton. Você é louca para adquirir, mas quando consegue (e se consegue), usa com esmero, porque quer ter para sempre. Então, eu deixo ele para de vez em quando. Para ele não conseguir se lembrar das minhas tolices. Eu o deixo para quando eu realmente preciso. Para quando só ele vai entender os meus instintos rapidamente. E não vai se sentir ofendido com esse meu eterno desapego. Não vai me cobrar nada. Vai me deixar brincar depois da meia-noite e só.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Férias que se prezem são regadas à inúmeras sessões de cinema com direito a aglomerados de crianças e pré-adolescentes saltitantes em filas extensas nos corredores dos shoppings. Das inovações recentes nas salas da capital, devo dizer que adoro aquela espécie de "caixa-eletrônico de ingressos", porque, como quase ninguém ainda se arrisca a usar, é rapidinha a compra do ticket e dá para chegar em cima da hora. E odeio aquela história de lugar marcado. Eu confesso que tenho uma péssima noção das posições das poltronas na sala naquela telinha que os atendentes mostram. E eu acabo sentando em lugares diferentes dos adquiridos. E não me orgulho disso. Nem me envergonho.

Acho que no recém-acabado mês de julho as opções nos cinemas estavam péssimas. Mas nada que me afaste deles. Tinha que ser você (no original, I had to be you) foi a minha opção da última semana. Eu que sou fã assumida de bossa nova, logo me animei com a proximidade do título com "Só tinha de ser com você", do Tom Jobim ("É, só eu sei quanto amor eu guardei sem saber que era só pra você. É, só tinha de ser com você, havia de ser pra você, senão era mais uma dor, senão não seria o amor"). Porém, trata-se de uma daquelas películas que você fica com a sensação de que falta algo que não sabe o que é. Ou tem certeza absoluta do que é.

Dustin Hoffman aparece no início do longa como um desses pais desnaturados que não moram no mesmo país que a filha, mas aparece para o casamento dela. Aí ele conhece a Emma Thompsom, que tem a mãe dos telefonemas impertinentes e, por isso, engraçados, em um restaurante, depois que ele descobre que não conduzirá sua pequena criança até o altar e é informado de que perdeu o emprego. Ambos solitários, abandonados, jogados, sem esperanças. Ou seja, o roteiro já está impregnado em nossas mentes. E a gente é capaz de adivinhar o próximo passo dos protagonistas.

Eu não gostei. Não mesmo. Minhas amigas que me acompanharam na sessão choraram. Eu não. Talvez porque, como diz a personagem da Emma no finalzinho da trama, eu já esteja um pouco confortável em situações complexas e não me emocione mais nessas histórias com facilidade. Entretanto, meninas, eu tenho coração! Juro! Nenhuma cirurgia o substituiu por uma pedra.

De útil mesmo, vale ressaltar que, na caça da personagem da Emma por um vestido para o casamento da filha do Dustin, fica claro que nenhuma mulher pode viver sem um pretinho básico.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eu adoro escrever. Facto. Mas eu ainda tenho a sensação de que a minha inspiração (se é que posso dizer que tenho uma) flui com mais facilidade nos momentos difíceis (não tristes necessariamente). E não que a minha vida esteja na mais perfeita ordem. Adoraria que assim estivesse. Mas eu tenho dado conta do recado! Aí fico teeeeeempos sem redigir nada. E escrita, meus caros, é prática. Toda essa introdução para dizer que pretendo dar uma variada nos posts. Não sei exatamente em que âmbitos transitarei. Mas minhas primas (lindas, amadas e sumidas: Karol e Mylla) dizem que eu sempre tenho um ponto a expor sobre qualquer coisa. A ideia (não suporto a nova "ideia" sem acento) é dar uma comentada acerca de coisas legais que vejo por aí. Por exemplo: livros (porque todos os que não são jurídicos despertam a minha atenção), músicas (já que eu perco muito do meu tempo estudando repertórios), filmes (pois eu ando absolutamente cinematográfica nos últimos tempos), futebol (haja vista que eu tenho um lado menininho aflorado e é um tema já abordado por aqui). Ok! Muita pretensão de minha parte querer abraçar o mundo assim, mas nada que o meu SuperEGO não me permita arriscar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não sei de onde surgiu a noção de que chorar faz bem. Se chorar fosse bom, as pessoas não admirariam nossos sorrisos. Elogiariam nossos rostos inchados, repletos de olheiras e nossa maquiagem borrada. Não por isso devemos passar por cima da nossa dor. Quando você se sente humilhado, deixado de lado ou maltratado, você não pode simplesmente ignorar a sua dor. Mesmo que quem tenha te humilhado, te deixado de lado ou te maltratado seja alguém de quem você goste muito. Veja bem: jamais basta que você goste de alguém. Por mais que você goste deste alguém. Reciprocidade é uma palavra de ordem. E quem gosta de você não te humilha, não te deixa de lado, não te destrata. Você não pode dedicar sua vida para salvar algo. Se você se sente humilhado, deixado de lado ou maltratado, não desculpe. Não de imediato. Viva a sua dor. Por mais que você acredite em algo, viva a sua dor. Chore. Chore compulsivamente. Alimente-se de todos os chocolates do mundo sem se preocupar com espinhas ou quilos a mais. Se você gosta de alguém, que por sua vez gosta de você, esse alguém te tratará bem. E desejará, sobretudo, te deixar bem. E se não deixa, atente-se: sofra. Não passe por cima da sua mágoa. Viva-a. Não finja que está tudo bem. Porque se uma pessoa faz com que você se sinta humilhado, posto de lado ou maltratado uma vez, fique esperto: ela tem grandes chances de fazer de novo. Não desculpe simplesmente. Dói. Viva a dor. Esconda-se embaixo de edredons. Entupa-se de sorvete. Não tenha medo da dor. Não tenha medo de sofrer. Sofra. Sofra de verdade. Mas sofra uma única vez. Não desculpe facilmente. Não que as pessoas não mudem. Mas não desculpe assim. Permita que as lágrimas rolem e ensopem os seus cabelos. Se você gosta de alguém e esse alguém gosta de você, é simples: você a colocará na sua lista de prioridades e o alguém fará o mesmo com você. E não te humilhará, não te deixará de lado, não te maltratará. Doe-se. Mas doe-se por quem jamais pensará em te humilhar, em te deixar de lado ou te destratar. Algumas lições são mais complicadas do que as outras. Algumas vezes você é humilhado, deixado de lado, maltratado e não aprende. Porque acredita em algo que não existe. Ou só existe para você. Porque você é bom, porque você é tolo. E alguém saberá tirar proveito disso. E quando isso acontecer, viva a sua dor. Quando alguém te humilhar, te deixar de lado ou te maltratar, dê um basta. Não desculpe como se seu coração não sangrasse. Não finja que as suas feridas estão cicatrizadas. Se você realmente acredita que os machucados se fecharam, exponha-os. Exatamente. Submeta-os. Só não finja que está tudo bem. Não invista sozinho. Não passe por cima da sua dor. Só você sabe o tamanho da sua dor. Se alguém te humilha, te põe de lado ou te maltrata, esse alguém não se importa com a sua dor. E fará de novo. Porque a dor é sua. Não do alguém. Porque se alguém te humilha, te deixa de lado ou te maltrata, encare: esse alguém não gosta de você. E embora isso doa, viva a sua dor. Agora. Intensamente. Só não finja que nada aconteceu. Se você não quer ser humilhado, deixado de lado ou maltratado novamente, não ignore a sua dor. Tenha a noção exata da sua dor. Não passe por cima dela. Por nada. Por ninguém. Se alguém te humilha, te coloca de lado ou te destrata, dê um basta logo. Dói. Mas é melhor que seja antes que aconteça de novo.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Como férias são férias e, portanto, o seu significado deve ser encarado com seriedade (ao menos pra mim), minha produção tem estado baixíssima (para não dizer nula, confesso). Resgato, então, um texto escrito em 02 de dezembro de 2007. Com o passar do tempo, alguns números não são mais os mesmos, mas o meu corinthianismo, como todos sabem, com a proximidade do centenário, permanece inalterado. Vejamos:
Milton Neves, enfim, quase acertou uma proposição. Disse que no Brasil existem apenas duas torcidas: a corintiana e a anti-Corinthians. Louvável pela tentativa de explicitar o quanto é grandiosa a fiel torcida. Mas, meu caro Milton, incorreu em novo erro. Nós, corintianos, não torcemos para o Corinthians; nós somos o Corinthians! E você jamais poderá entender o que isso significa. Todos os times têm uma torcida, mas os corintianos têm um time. Nasce-se corintiano. Nada é tão significativo quanto o canto que ecoa das arquibancadas: "Corinthians, minha vida, Corinthians, minha história, Corinthians, meu amor!" São 4 títulos brasileiros, 1 mundial, 5 vezes campeão do torneio Rio-São Paulo, 25 paulistas. São 97 anos! 97 anos de uma devoção quase inexplicável, de uma fidelidade invejável. De Sócrates, Vladimir (805 jogos com a gloriosa camisa alvinegra), Rivelino, Basílio, Luizinho, Teleco, Casagrande, Marcelinho Carioca, Neto, Ronaldo, Tevez. Nomes que nem de longe se equiparam aos do atual elenco. Excepciona-se, esse ano, o brilhantismo de Felipe, disparado maior revelação brasileira após Robinho; Betão, que se tecnicamente foi várias vezes questionado, respondeu com a raça característica e admirada pelos corintianos; e, sim, ele, Finazzi, 12 gols. Não se pode acrescentar mais nenhum nome, nem mesmo Lulinha, o homem de 50 milhões, nem Dentinho ou Bruno Bonfim, como preferirem. O Corinthians se viu refém de sua própria grandiosidade, da ambição que afrontou a tão aclamada democracia do Parque São Jorge, do egoísmo de uma diretoria que apenas se preocupou com benefícios próprios. Mas o clube de 30 milhões de torcedores é maior do que tudo isso. Somos loucos por ti, Corinthians! Todo poderoso Corinthians! E, ironicamente, o hino do adversário desse fatídico domingo, o inesquecível 02 de dezembro de 2007, é perfeitamente aplicável ao que a Gaviões, o Pavilhão, o Estopim ou qualquer membro dessa nação afirmaria refletir uma verdade irretocável: até a pé nós iremos, para o que der e vier e estaremos com o Corinthians onde o Corinthians estiver. Seja na série B (C ou o que vier), seja na tão sonhada Libertadores da América! Não somos torcedores de temporada, de campeonato, de título, de fase. Conhecemos a história desse Sport Clube Corinthians Paulista, sabemos a escalação completa do time, conhecemos a diretoria. E queremos mesmo, Sanchez, mudança e transparência. Queremos um paulista, uma Copa do Brasil e a ascensão em 2008. Queremos menos sofrimento (porque o sofrimento em si nos é intrínseco), menos dor, menos lágrimas, menos desespero, menos gandulas jogando uma segunda bola em campo quando o goleiro está fora do gol. Exigimos dedicação, trabalho. Mas jamais abandonaremos o Coringão, que é tradição, que é o campeão dos campeões, de tradições e glórias mil, orgulho dos desportistas do Brasil, sempre altaneiro, eternamente dentro dos nossos corações. Porque o fundamental, como sempre repetido por aí, é mesmo ser corintiano!

sábado, 11 de julho de 2009

A (cerca) de Pedro.
Acho que nunca vou esquecer do dia em que descobri que Pedro finalmente tornara-se um ser. Passei em uma farmácia e comprei um destes testes rápidos e corri para a casa da minha melhor amiga. Dentro daquele banheiro com um espelho completamente rabiscado por batom, surgiu o positivo. Jamais me opus à contracepção. Vejo-a como uma opção, um direito. Mas, naquele momento, eu queria Pedro. Os nove meses foram realmente longos. Consegui menos estrias do que minha pele pouca elástica costumaria me presentear. Menos quilos também. Trabalhei mais do que gostaria nesse período. A rotina de papelada e burocracia não me abandonou. Assim como os códigos. Imaginei um milhão de possibilidades para o parto. Nada tão exótico como os de Angelina. Acabaram-me fazendo-me crer que o tal parto normal seria melhor. E foi menos difícil do que eu imaginara dar à luz. E seu nome seria mesmo Pedro. Sem maiores objeções. Simples, prático, impassível de erros de ortografia. Tive medo de que Pedro desmontasse em minhas mãos no primeiro banho. Ainda com os resquícios em minha memória das maravilhas da amamentação de que tanto argumentei minha monografia, Pedro simplesmente recusou o leite materno. O consolo é que seria uma cirurgia plástica a menos no futuro. Pedro tinha um sono tranqüilo. Não puxara a mãe. Aliás, da mãe mesmo tinha o nariz. Ele era bonito demais para se parecer com a mãe. Cuidadosamente delicado.
(Continuo)

domingo, 28 de junho de 2009

Castelos são para os contos de fada. Ou para os deputados. Ou são de areia. São minutos, ou horas, construindo castelos de areia. Baldinhos, moldes. Você cuida dos mínimos detalhes. Mesmo sabendo que daqui a pouco você vai embora e o castelo vai ficar ali. Mesmo sabendo que daqui a pouco uma onda mais forte vai carregá-lo. Mesmo sabendo que uma criança desavisada pode destruí-lo sem pestanejar. Porque as crianças são assim. E as crianças são sempre perdoáveis. Mas se um marmanjo destrói seu castelo, você vai querer tirar satisfações. Porque você espera que um adulto respeite o outro, respeite o espaço do outro, respeite as coisas do outro. O adulto, pensa-se, sabe que não pode agir por impulso. Sabe que as suas atitudes têm consequências, que os sonhos e os corações dos outros não podem jamais ser objeto de diversão. Adultos sabem que os castelos dos outros são dos outros. Adultos sabem que contos de fadas são deixados na infância. Sabem que aquilo que é construído ao longo de anos deve ser cuidado com esmero. Se não sabe disso, destruirá, ainda, castelos e castelos, sem se arrepender. Por hora.

sábado, 20 de junho de 2009

Às letras!
As letras que traduzem mentiras ou verdades.
Emoções.
Atos de cognição.
Esconderijo.
Espelho.
Infinitas em si.
Às letras.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

No vigésimo segundo quatro de maio, toda gratidão àqueles (frequentadores ou não deste espaço) que, mesmo em número restrito, renovam as minhas crenças a cada dia.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Como é que nós perdemos as pessoas? Será quando elas passam em um concurso público em outro estado? Ou quando elas são aprovadas no vestibular em outra cidade? Ou quando elas passam a encarar a vida com outros olhos e tomam atitudes com as quais não concordamos? Eu, ainda avessa aos números circenses, considero mágico o fato de cruzarmos com milhares de pessoas ao longo de um dia e só selecionarmos uma ou duas dezenas para formarem as arestas de nosso mundo. Perder pessoas é inevitável. O ciclo natural dos homens encarrega-se de explicações biológicas. Mas e aquelas pessoas que permanecem? Sobrevivem à tsunamis, tremores de terra, erupções, mudanças bruscas de humor, frases injustas. Aquelas que pronunciam o que deve ser dito ou se calam quando as palavras não adiantam nada? Aquelas que fazem o que precisa ser feito em troca do seu sorriso? Aquelas que serão testemunhas do seu casamento ou apadrinharão os seus filhos? Aquelas que não te explicam o significado do amor, mas te dão a oportunidade de vivê-lo? São estas que, por nos dignificarem, devemos aprender a reconhecê-las.

À amiga, aniversariante do dia anterior, que desenvolveu a habilidade de ler a minha alma, meu reconhecimento e admiração.

segunda-feira, 20 de abril de 2009


Vamos fazer um pacto? Vamos! Mas é sério. Tá bom. Não vale falhar depois. Tá. Veja bem. Já disse que sim. Então tá. Que tal envolver uma aposta? Não. Sim. Não precisa disso. Para ser mais sério. Mais sério ainda. Ok. Hum. Qual o prêmio da aposta? Não sei. Pensa aí. Aiai. Uma caixa de bombons. Ah, não! Isso é coisa de menininha. E o que nós somos? Menininhas é o que não somos. O que então? Pensa aí. Tudo eu. Já sei. Fala. Uma caixa de cervejas. Nem bebo tanto assim. Não? Tá, bebo. Pode ser? Pode. Não é muito menino isso? Nada. Bacana. Como vai ser? A primeira a ter uma recaída paga a aposta. A partir de agora. De agora? Por que? Desejo. Que desejo? Desejo, ué. Mas aí não vale. Vale. Não vale. Vale. Não sei. As regras são nossas. E ninguém precisa saber. É. Não é melhor começar logo com isso? Não. Tem certeza que é só desejo? Tenho. Nada de sentimentos? Nada de envolvimentos emocionais? Só mais uma vez. E se não der certo? A gente tem uma caixa de cervejas. É! Fechou. Aham.

domingo, 12 de abril de 2009

O Adriano quer ser feliz. Só isso. Deixemos que ele tente. O cara confessou publicamente que não está satisfeito com a própria vida. Isto é, o glamour, os milhões acumulados em vinte e sete anos, o grande clube europeu em que atua não o realizam plenamente. E isso deve ser respeitado. Se ele se debate com problemas em relação ao álcool ou se ele é viciado em drogas ou se ele regressou à favela em que foi criado não são questões relativas a nós. E ele não foi assassinado como noticiaram alguns meios de comunicação irresponsáveis na última semana. Se ele quer parar de trabalhar por um tempo, ótimo. Ele pode! Quantos de nós poderíamos nos dar o mesmo luxo? Simplesmente, dar um tempo de tudo. Ele fez por onde. Adriano nunca foi o atacante dos meus sonhos, principalmente após marcar dezessete gols pelo tricolor paulista, mas ele já chegou a ser eleito o melhor jogador de uma Copa das Confederações. E saiu cedo do país para ganhar o mundo e ser denominado de L'Imperatore. Merece consideração. Enquanto ele não perturbar a ordem pública, não nos cabe invadir a sua intimidade e julgar seus sonhos. Incumbe a cada um encontrar suas próprias respostas. Que ele logre êxito!

domingo, 5 de abril de 2009

Chegou. Não veio em uma caixa colorida ou embrulhado em papel celofane. Sem um laço magnífico, mas esteve aqui. Foi em uma noite dessas, durante a semana, trajando uma bela camisa rosa e calçando tênis transados, com pleno domínio de quatro línguas e belos olhos castanhos. Simetricamente compatível com o meu imaginário. Desses que descem do seu carro e flutuam até a outra porta para abri-la com uma naturalidade tão convincente que jogaria para longe os ideais feministas de qualquer mulher. Desses que sintonizam a rádio na mais perfeita conjugação de letra e melodia. E falam de arte com propriedade. Desses que adivinham pensamentos e têm no bolso tudo o que você pode precisar. Desses que riem e mordem os lábios. E desviam o olhar mil vezes antes de te encarar. Desses que passam os braços por seus ombros e fazem com que você se sinta a única garota do universo. Desses que te elogiam gratuitamente. Desses que te deixam tonta. Desses que você se apaixona antes de conhecer. Que você sabe que um dia encontrará. E quando se depara não sabe o que fazer. Não sabe se enfrenta. E tem um louco impulso de sair correndo. E pensa que não pode abrir mão. E sente medo de deixar de ser aquela com azar no amor. E olha pro lado. E arma um plano. E traça uma meta. E foge. Assustada. E olha pra trás, mas não consegue voltar. Porque, de repente, acha que ele é muito o que você sonhou demais. E crê que não vai dar certo, porque ele vai acabar voltando para ex-namorada de anos. Ou porque acha que ele vai te trocar ali na frente por uma outra menina mais bonita. E foge por insegurança. Porque se sente despreparada para viver uma grande história com o cara que se coaduna com o que há de melhor em si mesma. Porque apenas aposta que não é uma garota de tanta sorte assim.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ela sentia um vazio dilacerador no peito. Como se alguém, fazendo uso de ambas as mãos, houvesse arrancado seu coração e o lançado a uma distância grande o suficiente para impedir que os seus olhos míopes tornassem a localizá-lo. Ao mesmo tempo, sentia um pulsar infinito dentro de si, latejante, célere. Mas tudo o que ela mais queria era encontrar um pouco de ar. As dores explodiam em cada centímetro de seu corpo. As lágrimas intermitentes nem a incomodavam mais. Faltava-lhe ar. Ela acariciava o próprio ventre com a esperança de que uma nova vida se apresentasse adiante. E seu estômago grunhia. Ela tentava inspirar o mais fundo o quanto lhe fosse possível. E sentia tudo arrebentar por dentro. E ela só desejava ar. Suas pernas estremeciam. A cabeça girava. Não havia ar. Por mais que ela desabotoasse os botões da blusa e insistisse, não havia ar. E ela seria capaz de jurar que não precisava de mais nada.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Pois, eis que agora, tenho uma hora marcada com você. Em meio às nossas agendas conflitantes, encontrei um momento só nosso. Domingo, às 18 horas. Todos os domingos, sempre às 18 horas. É que passamos as segundas, terças, quartas, quintas, sextas tão loucamente imersos no desejo impulsivo/compulsivo de sermos os melhores profissionais, estudantes, estagiários, atletas que poderíamos ser que não nos resta tempo; e transpomos todos os sábados na ânsia de sermos os melhores amigos para os melhores amigos que conquistamos; e domingo é tão o dia de sermos os mais fantásticos filhos, netos, sobrinhos e primos naqueles almoços de família... Então, domingo, às 18 horas, cumpridas nossas obrigações inadiáveis e devidamente adimplidas nossas dívidas, chega a nossa vez. Minha e sua. Um com o outro. É domingo, às 18 horas, o instante de percebermos que não fomos feitos um para o outro, que não temos os mesmos objetivos, que somos movidos por princípios absolutamente díspares, que carregamos valores contrapostos. E é só aos domingos, às 18 horas, que descobrimos isso, ao concluirmos que somos um desperdício um para o outro. E, agora, eu dei para te odiar. Sim! Aos domingos, às 18 horas. Porque é exatamente quando eu penso que sou um exagero para você. Porque é só então que vejo que nunca serei páreo para o seu egoísmo descontrolado. Porque apenas nesse momento tenho ciência que eu mereço alguém, no mínimo, mil vezes melhor do que você. Porque é aí que observo que o que você pretende mesmo é ser o eterno palhaço das festas. Então, eu te odeio. Tanto! Desde um domingo desses, às 18 horas. E em todos os domingos, a partir das 18 horas, esse ódio me corrói, dilacera, quando revivo seus erros, equívocos, atrasos. Nenhum dos meus compromissos da semana me degenera tanto. Nada na minha agenda é tão entristecedor quanto a minha hora marcada dos domingos. Talvez, por isso, depois de nós, durmo. Durmo bem, pois exausta. E se eu, por acaso, acabo lembrando de você no decorrer da semana, eu relevo, armo planos, planejo momentos, faço estratégias e, por fim, acabo encontrando uma imensa parcela de culpa minha em tudo o que eu não gosto em você. E eu me perco nas fotos do seu sorriso bobo, nos seus olhos fixos nos meus, na taquicardia que você me provoca ao telefone. Até domingo! Até domingo, às 18 horas, eu acho que você deve ser o que eu devo querer. E aí, por ser a nossa hora, eu te odeio outra vez.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Só fecha os olhos e me deixa te encarar sem medo. E fica mudo por uns segundos para eu congelar na sua presença. E senta do meu lado quando as pessoas começarem a dançar. E segura a minha mão no cinema. E seja meu fantoche por umas horas. E seja o meu cantor favorito no final de semana. E deixa eu brincar de ser sua personal stylist por uma semana. E viaja comigo por quinze dias sem querer conhecer o roteiro. E leia o que eu recomendar. E me abraça forte no frio. E vai embora. De vez.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Não que você precise de salvação.
Não que você mereça uma canção.
Não que você exerça a sua função.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Diz.
Mente, mas diz.
Invente, mas diz.
Berra.
Grita.
Mas diz.
Canta.
Encanta.
Diz.
Julga.
Margeia.
Falseia e diz.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Volições: que o vermelho traga a proteção profanada na doutrina esotérica da diva pop; que o Ronaldo arrase no Corinthians (e não com o Corinthians); que meu coração esteja sábio e inquiridor; que o meu ritmo esteja dentro do meu controle; que os planos para 2010 possam ser concretizados desde já!