terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ela sentia um vazio dilacerador no peito. Como se alguém, fazendo uso de ambas as mãos, houvesse arrancado seu coração e o lançado a uma distância grande o suficiente para impedir que os seus olhos míopes tornassem a localizá-lo. Ao mesmo tempo, sentia um pulsar infinito dentro de si, latejante, célere. Mas tudo o que ela mais queria era encontrar um pouco de ar. As dores explodiam em cada centímetro de seu corpo. As lágrimas intermitentes nem a incomodavam mais. Faltava-lhe ar. Ela acariciava o próprio ventre com a esperança de que uma nova vida se apresentasse adiante. E seu estômago grunhia. Ela tentava inspirar o mais fundo o quanto lhe fosse possível. E sentia tudo arrebentar por dentro. E ela só desejava ar. Suas pernas estremeciam. A cabeça girava. Não havia ar. Por mais que ela desabotoasse os botões da blusa e insistisse, não havia ar. E ela seria capaz de jurar que não precisava de mais nada.