sábado, 29 de agosto de 2009

Eu gostaria de te pedir, encarecidamente, uma coisinha e, por favor, não se ofenda, mas você se importaria, por acaso, em dar uma licencinha da minha vida? Eu sei que posso me arrepender do que estou dizendo, porém, agora, eu gostaria muito que você fizesse isso. É que, me desculpa, mas eu estou me sentindo um pouco sufocada. E, sim, isso é graças a você. Porque eu, realmente, preciso que você assuma as consequências da sua falta de discernimento e me deixe viver em paz. E não me cerque, não tente ser amigo dos meus amigos, não faça perguntas sobre a minha vida, não me siga na rua, não fique me esperando na porta do meu prédio, não vá até a minha sorveteria favorita. Eu não preciso dos seus elogios. Muito menos das suas opiniões. Imagina, então, das suas especulações. E como você já sabe o caminho, eu me poupo de ter que te acompanhar até a saída.

(Gente, esse post é para acalmar todos aqueles que me ligaram na última semana preocupados com a minha saúde mental. Sério! Eu perdi as contas das pessoas que me telefonaram exigindo satisfações e pedindo explicações. Nem falo dos assustados. Queridos e queridas, eu também posso me declarar de vez em quando, né? Do meu jeito meio pseudo, mas posso brincar disso. E juro que não conto o que há de verdade e mentira naquele texto. E nem neste!).

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu te amo. Se é disso que você precisa, está aí. Não entendo a sua dúvida. Não sei o motivo de você fazer tanta questão de ouvir isso. Falei. Não me pede para repetir olhando nos seus olhos. Não faça isso comigo. Você sempre soube da minha aversão por declarações. Mas, eu juro, que é de verdade. Só que se eu fizer do jeito que você quer, naquele clima de mocinha e galã de novela, vou ficar com a sensação de que estou flutuando nas nuvens. E, meu caro, gosto de sentir os meus pés bem fincados no chão. Não tem outro. Nunca mais teve. Quem colocou ordem na minha bagunça sem fim foi você. Quem me apresentou para a literatura clássica também foi você. Se eu disse o que você queria ouvir, então deixa de cobrar palavras, palavras e palavras. Eu escrevo. Eu posso manipular todas essa palavras, meu bem. Mas se não fosse isso que a gente sabe que é, eu não teria essa inquietude matinal enquanto não falo com você, nem lamentaria suas viagens repentinas e longas, nem fingiria soninho quando você só quer adormecer. É você, é só para você e é todo seu.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Seis filmes assistidos na última semana, entre eles o "por favor, não assistam" Marido por Acaso (que me deixou muito preocupada com a Uma Thurman) e o "corram, porque é lindo" O Contador de Histórias, eis que resolvo falar de Em seu lugar. Pensei em escrever sobre ele, em primeiro lugar, por causa da Cameron Diaz.

Após ver Jogo de Amor em Las Vegas (com o fofo do "mod" do Ashton Kutcher) e o adorável O amor não tira férias (de elenco estrelar), minha amiga Isis e eu chegamos à conclusão de que a Cameron chega a ser irritante (a parte do irritante é por minha conta, confesso). Nós só nos inconformamos com o fato de ela ficar bonita com qualquer roupa. Sério: calça jeans de cintura baixíssima e top branco curto: maravilhosa; vestido juuuuuuuuuuuusto verde-oliva: espetacular; conjunto de moletom largo (mais parecido com um uniforme de gari): fantástica! Fora o fato de ela segurar um cabelo curto como poucas. De tal forma que eu chego a dizer: Justin, meu caro, nada contra a sua pessoa (não mesmo), mas ela era muito para você.

O filme. In her shoes começa de um jeito que te desanima. Traça um paralelo entre Maggie e Rose, duas irmãs absolutamente diferentes: uma fútil, gata, farrista, irresponsável e uma advogada feia (uma sacanagem com a Toni Collette colocá-la de irmã da Cameron), chata e bem-sucedida, mas com um armário repleto de sapatos tão maravilhosos que deixaria Carrie Bradshaw com invejinha. Do tipo loira fatal, a Maggie consegue drinks e noites maravilhosas fazendo uso do seu incrível charme e poder de sedução, enquanto Rose passa horas trancada em um escritório encucada com o seu peso.

Depois de mais uma briga, Maggie vai para a cama com o namorado de Rose e eles são flagrados por ela (traíra, traíras). Maggie então resolve ir atrás da avó, que ela até então nem sabia que estava viva. Mas ela vai para tentar extorquir a pobre velhinha, que reside em um maravilhoso Centro Ativo para Idosos. Ah, coisa mais linda do mundo o lugar. Senhores e senhorinhas arrumadinhos e felizes em um espaço só para eles. Muito verde, piscinas, programação esportiva e tudo. Aí eu preciso dizer que quem nunca foi à um asilo precisa ir. Óbvio que por aqui não vai ter um lugar tão bacana quanto o do filme. Mas eu garanto que é uma experiência enriquecedora e gratificante (assim como visitar creches de crianças carentes e presídios). São lugares para entrar absolutamente despojado de preconceitos e sair com a impressão de ter vivido cinco anos em uma tarde.

No Centro, a Maggie começa a trabalhar (porque antes essa prática era inaplicável a ela). E a gente descobre que ela não é uma tola idiota. Ela tem dislexia, ou seja, uma dificuldade na leitura, escrita e soletração que a travam bastante. Mas ela começa a superar isso lendo poemas para um senhorzinho em estado terminal.

Bacana ver o amor fraternal. As irmãs se amam incondicionalmente e uma precisa da outra, uma se encontra na outra. E isso fica bem claro no final da obra com o poema "Eu levo você comigo", do E.E. Commungs ("Eu levo seu coração comigo, eu o levo no meu coração, eu nunca estou sem ele, onde quer que eu vá você irá, minha querida, e o que é feito só por mim é seu feito, minha amada, não temo o destino, pois você é meu destino, meu encanto...").

Eu achei o filme um pouco grande, mas não tive em nenhum momento vontade de deixar para assistir ao seu término outro dia. Não há surpresas, o final é felizinho, mas a história é muito bem conduzida. A Cameron, inclusive, mostra-se mais do que uma bonitona. Acho que vale a pena ficar atento à programação do Telecine.

Ah! Para os adeptos da leitura como eu, o longa é baseado em um livro da Jennifer Weiner.

domingo, 16 de agosto de 2009


Ele é o meu contato para depois de meia-noite. Eu funciono bem de manhã, sou sonolenta no turno da tarde, preguiçosa pela noite e ativa na madrugada. O relógio dá as badaladas indicando um novo dia e eu me animo toda. Tenho um milhão de ideias, meu raciocínio se torna rápido, me torno um ser criativo capaz de resolver qualquer equação matemática. Aí são filmes, seriados, textos, livros, monto looks incríveis para a festa de daqui um mês, treino maquiagens bárbaras que nunca usarei. Só que, às vezes, parece que eu esgoto todas as minhas possibilidades. Eis que ele entra em ação. O meu contato para depois da meia-noite. O nome dele está o dia quase todo nas opções on-line da internet, entretanto eu sei que ele só está mesmo lá de madrugada. E, droga, ele descobriu essa minha história de insônia. Aí, ele vai vendo a minha carinha e já vem puxando o maior papo. E se convidando para sair comigo. Para tomar vinho, jantar, ir ao cinema, conhecer a família dele, etc e tals. E ele se mostra tão disposto a me ver que eu faço ele pegar o carro às 3 horas e vir correndo aqui em casa. Eu desafio, ele aceita com aquele sorriso todo. E, olha, eu garanto, ele nem precisaria sorrir para mim. Porque quando ele se aproxima parece que bate um vento que me arrepia toda e, ao mesmo tempo, me esquenta. E a gente tem tanto assunto que nem precisa falar nada. Ele só me abraça e fica tudo bem. Eu respiro fundo e seria capaz de ficar ali imóvel por horas, dias, se fosse preciso. Só que aí ele vem e me coloca no colo. Parece que ele adivinha que eu, em alguns momentos, só quero me sentir protegida. E a gente fica assim. E ele me beija. Por longos minutos. Incrível como não acaba o fôlego. De repente, ele para, me olha e beija de novo. E, assim, a gente vai até amanhecer. Ele me pergunta se eu não tenho que acordar cedo no outro dia. E eu tenho, claro. Mas eu digo que não, porque é tão bom ficar daquele jeito. De vez em quando, alguém me pergunta se ele não seria o meu par perfeito. Não, ele não seria. Ou até seria, sei lá. Mas eu gosto tanto de não conhecê-lo suficientemente bem, de não saber se ele gosta mais de azul ou de verde, de praia ou de montanha. Gosto de vê-lo pouco. Ou quase nunca. Gosto de ele me procurar e eu não ter o mesmo empenho. Não, ele não é o meu estepe. E se fosse, acreditem, ele seria o meu estepe de luxo absoluto. Algo como um vestido de noiva Oscar de la Renta, um sapato Manolo Blahnik, uma bolsa Louis Vouitton. Você é louca para adquirir, mas quando consegue (e se consegue), usa com esmero, porque quer ter para sempre. Então, eu deixo ele para de vez em quando. Para ele não conseguir se lembrar das minhas tolices. Eu o deixo para quando eu realmente preciso. Para quando só ele vai entender os meus instintos rapidamente. E não vai se sentir ofendido com esse meu eterno desapego. Não vai me cobrar nada. Vai me deixar brincar depois da meia-noite e só.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Férias que se prezem são regadas à inúmeras sessões de cinema com direito a aglomerados de crianças e pré-adolescentes saltitantes em filas extensas nos corredores dos shoppings. Das inovações recentes nas salas da capital, devo dizer que adoro aquela espécie de "caixa-eletrônico de ingressos", porque, como quase ninguém ainda se arrisca a usar, é rapidinha a compra do ticket e dá para chegar em cima da hora. E odeio aquela história de lugar marcado. Eu confesso que tenho uma péssima noção das posições das poltronas na sala naquela telinha que os atendentes mostram. E eu acabo sentando em lugares diferentes dos adquiridos. E não me orgulho disso. Nem me envergonho.

Acho que no recém-acabado mês de julho as opções nos cinemas estavam péssimas. Mas nada que me afaste deles. Tinha que ser você (no original, I had to be you) foi a minha opção da última semana. Eu que sou fã assumida de bossa nova, logo me animei com a proximidade do título com "Só tinha de ser com você", do Tom Jobim ("É, só eu sei quanto amor eu guardei sem saber que era só pra você. É, só tinha de ser com você, havia de ser pra você, senão era mais uma dor, senão não seria o amor"). Porém, trata-se de uma daquelas películas que você fica com a sensação de que falta algo que não sabe o que é. Ou tem certeza absoluta do que é.

Dustin Hoffman aparece no início do longa como um desses pais desnaturados que não moram no mesmo país que a filha, mas aparece para o casamento dela. Aí ele conhece a Emma Thompsom, que tem a mãe dos telefonemas impertinentes e, por isso, engraçados, em um restaurante, depois que ele descobre que não conduzirá sua pequena criança até o altar e é informado de que perdeu o emprego. Ambos solitários, abandonados, jogados, sem esperanças. Ou seja, o roteiro já está impregnado em nossas mentes. E a gente é capaz de adivinhar o próximo passo dos protagonistas.

Eu não gostei. Não mesmo. Minhas amigas que me acompanharam na sessão choraram. Eu não. Talvez porque, como diz a personagem da Emma no finalzinho da trama, eu já esteja um pouco confortável em situações complexas e não me emocione mais nessas histórias com facilidade. Entretanto, meninas, eu tenho coração! Juro! Nenhuma cirurgia o substituiu por uma pedra.

De útil mesmo, vale ressaltar que, na caça da personagem da Emma por um vestido para o casamento da filha do Dustin, fica claro que nenhuma mulher pode viver sem um pretinho básico.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eu adoro escrever. Facto. Mas eu ainda tenho a sensação de que a minha inspiração (se é que posso dizer que tenho uma) flui com mais facilidade nos momentos difíceis (não tristes necessariamente). E não que a minha vida esteja na mais perfeita ordem. Adoraria que assim estivesse. Mas eu tenho dado conta do recado! Aí fico teeeeeempos sem redigir nada. E escrita, meus caros, é prática. Toda essa introdução para dizer que pretendo dar uma variada nos posts. Não sei exatamente em que âmbitos transitarei. Mas minhas primas (lindas, amadas e sumidas: Karol e Mylla) dizem que eu sempre tenho um ponto a expor sobre qualquer coisa. A ideia (não suporto a nova "ideia" sem acento) é dar uma comentada acerca de coisas legais que vejo por aí. Por exemplo: livros (porque todos os que não são jurídicos despertam a minha atenção), músicas (já que eu perco muito do meu tempo estudando repertórios), filmes (pois eu ando absolutamente cinematográfica nos últimos tempos), futebol (haja vista que eu tenho um lado menininho aflorado e é um tema já abordado por aqui). Ok! Muita pretensão de minha parte querer abraçar o mundo assim, mas nada que o meu SuperEGO não me permita arriscar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não sei de onde surgiu a noção de que chorar faz bem. Se chorar fosse bom, as pessoas não admirariam nossos sorrisos. Elogiariam nossos rostos inchados, repletos de olheiras e nossa maquiagem borrada. Não por isso devemos passar por cima da nossa dor. Quando você se sente humilhado, deixado de lado ou maltratado, você não pode simplesmente ignorar a sua dor. Mesmo que quem tenha te humilhado, te deixado de lado ou te maltratado seja alguém de quem você goste muito. Veja bem: jamais basta que você goste de alguém. Por mais que você goste deste alguém. Reciprocidade é uma palavra de ordem. E quem gosta de você não te humilha, não te deixa de lado, não te destrata. Você não pode dedicar sua vida para salvar algo. Se você se sente humilhado, deixado de lado ou maltratado, não desculpe. Não de imediato. Viva a sua dor. Por mais que você acredite em algo, viva a sua dor. Chore. Chore compulsivamente. Alimente-se de todos os chocolates do mundo sem se preocupar com espinhas ou quilos a mais. Se você gosta de alguém, que por sua vez gosta de você, esse alguém te tratará bem. E desejará, sobretudo, te deixar bem. E se não deixa, atente-se: sofra. Não passe por cima da sua mágoa. Viva-a. Não finja que está tudo bem. Porque se uma pessoa faz com que você se sinta humilhado, posto de lado ou maltratado uma vez, fique esperto: ela tem grandes chances de fazer de novo. Não desculpe simplesmente. Dói. Viva a dor. Esconda-se embaixo de edredons. Entupa-se de sorvete. Não tenha medo da dor. Não tenha medo de sofrer. Sofra. Sofra de verdade. Mas sofra uma única vez. Não desculpe facilmente. Não que as pessoas não mudem. Mas não desculpe assim. Permita que as lágrimas rolem e ensopem os seus cabelos. Se você gosta de alguém e esse alguém gosta de você, é simples: você a colocará na sua lista de prioridades e o alguém fará o mesmo com você. E não te humilhará, não te deixará de lado, não te maltratará. Doe-se. Mas doe-se por quem jamais pensará em te humilhar, em te deixar de lado ou te destratar. Algumas lições são mais complicadas do que as outras. Algumas vezes você é humilhado, deixado de lado, maltratado e não aprende. Porque acredita em algo que não existe. Ou só existe para você. Porque você é bom, porque você é tolo. E alguém saberá tirar proveito disso. E quando isso acontecer, viva a sua dor. Quando alguém te humilhar, te deixar de lado ou te maltratar, dê um basta. Não desculpe como se seu coração não sangrasse. Não finja que as suas feridas estão cicatrizadas. Se você realmente acredita que os machucados se fecharam, exponha-os. Exatamente. Submeta-os. Só não finja que está tudo bem. Não invista sozinho. Não passe por cima da sua dor. Só você sabe o tamanho da sua dor. Se alguém te humilha, te põe de lado ou te maltrata, esse alguém não se importa com a sua dor. E fará de novo. Porque a dor é sua. Não do alguém. Porque se alguém te humilha, te deixa de lado ou te maltrata, encare: esse alguém não gosta de você. E embora isso doa, viva a sua dor. Agora. Intensamente. Só não finja que nada aconteceu. Se você não quer ser humilhado, deixado de lado ou maltratado novamente, não ignore a sua dor. Tenha a noção exata da sua dor. Não passe por cima dela. Por nada. Por ninguém. Se alguém te humilha, te coloca de lado ou te destrata, dê um basta logo. Dói. Mas é melhor que seja antes que aconteça de novo.