domingo, 1 de novembro de 2009


O silêncio me encanta. Não que as palavras não o façam. Minha urbanidade me permite gostar dos ruídos que perturbam a maior partes das pessoas. O caos me consola muitas vezes. Assim como a gritaria, o coro. Nada se compara, contudo, à musicalidade que vem de você. Todas as suas notas e gradações. A variação entre o grave o agudo. E, para falar a verdade, seu leve desafino desperta meu riso favorito. Seu dedilhar suave e seus sussurros me desatinam. Seu som me guia na escuridão dos meus próprios sonhos. O barulho da sua respiração me traz, dia sim, dia não, de volta à vida. O som do sangue correndo em suas veias também. O ruído dos seus passos é inconfundível. E eu não consigo trancar a porta antes de ouvir o ronco do motor do seu carro. A trilha sonora das minhas noites foi escolhida por você. E o meu melhor repertório foi montado para você. Apesar disso, não posso ser injusta com a ausência total de som. Eu me sinto embriagada e entorpecida pelo silêncio. Com a avalanche de paz que me invade. Não preciso do silêncio para raciocinar. Pelo contrário, preciso do silêncio para me despojar de qualquer vestígio de pensamento. O silêncio descansa minha mente, me inspira e desperta os meus desejos. Poucos entendem minha necessidade de silêncio como você. Ninguém nunca a respeitou como você. Não te amo por isso. Mas tenho que certeza que te amo em função disso. Sinto que sou mais sua no silêncio.