quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Meu chefe me perguntou dia desses o que eu faria se, de repente, ganhasse muito dinheiro. Eu disse que era conservadora o suficiente para investir em imóveis. Desde então, para ele, eu não sou mais uma moça como as outras. Mulheres que são mulheres investem em bolsa. Bolsas, sapatos e roupas! Piada infame, claro. Não costumo me aventurar. Nunca fui uma criança de subir em árvores, por medo de cair; nem de andar de bicicleta, por medo de esfolar meu joelho; nem de fazer travessuras na escola, para não decepcionar meu pai. Sem fazer nada disso, eu caí várias vezes, me machuquei outras tantas e, o pior, não atingi a perfeição que eu tanto gostaria de transpassar para os outros. Até quando vale a pena arriscar? Qual o limite? Quando parar? A instabilidade das bolsas de valores me deixam louca, embora eu me divirta com aquela muvuca dos pregões. Todos aqueles braços para cima, tanta gritaria. Mas não é para mim! Antes fosse! Melhor seria se eu colocasse tudo a perder. Adoraria me despir de todos os pudores e fazer como as minhas amigas que saem com quatro caras ao mesmo tempo sem nem ficarem vermelhas. Não as invejo. Eu sou uma menina séria, sabe? Dessas que precisam de negócios, jurídicos ou não, também sérios. Estabilidade, segurança. De repente, nem tantos lucros. Mas sem muitas perdas. Minha avó sempre disse para eu comprar terrenos e casas. São sólidos. Todo mundo precisa de um chão para chamar de seu. As pessoas precisam de ter para onde voltar no final do dia, ao término de uma viagem ou no fim da vida. Se algo começa errado, qual a hora de desistir? No início e antes de maiores apegos? Ou é covardia? E tem-se que tentar consertar? Mas esse tempo não pode ser perdido? Se não parece dar certo, qual a razão de se tentar? E depois do transcurso do tempo? É justo desistir? Depois de tanta coisa? Quando é melhor conversar? Quando o silêncio pode acalmar as coisas? Acomodar-se com algo é sinônimo de medo? Não arriscar é para os fracos? Adrenalina ou calmaria? Na verdade, só quero um lugar para voltar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Entrego-me irracionalmente à flagrante confusão estabelecida e ao iminente sofrimento causado pela quase rendição aos meus instintos. Tudo para evitar arder eternamente nas chamas das profundezas do inferno. Não quero o céu. Não, não, não! Tenho pecados demais para pleitear tanto. Confesso todos os meus erros. São muitos, tantos. Só não quero mais me queimar com tamanho ardor. Minha epiderme, já tão desconfigurada, clama energicamente por um intervalo de descanso, mas não de paz. Meu eterno vício pela dor tem me intoxicado cada dia mais. A clínica de recuperação, minha morada nos últimos meses e anos, já me acena loucamente. E lá se vão mais algumas rúpias. Junto vai meu estômago, outrora pouso de borboletas, e minha serenidade, assaltada a cada nova estação. Ladrão!, devolva tudo o que é meu. Estado, puna. Exijo reparação por perdas e danos. Vida, encaminhe-me para a obviedade que já deveria ter sido consagrada como clichê. Nando, não pare de repetir a velha canção até que eu me convença da sua sabedoria. Com as minhas ânsias hodiernas, tome também minha alma e as minhas paixões fracassadas sacrificadas e dilaceradas pelo tempo. Carregue meu desespero, não mais leve, e, ainda, minha tontura diária e minha eloquente burrice. Todos para o local mais distante que possa existir. Para a terra do nunca ou para o canto onde tudo é possível. Incendeie aquilo que me polue e me envenena. Deixe-me tentar novamente e recomeçar. Do zero. Como se não houvesse tudo até agora ou como se o tudo fosse nada. Conceda-me a redenção. Permita-me ser o que já não sou há tanto tempo. Reinicie-me. Já!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


Eu não posso me considerar uma pessoa eclética em termos musicais. Certamente, sei cantarolar músicas em todos os gêneros (até porque considero boa parte das composições absolutamente previsíveis), mas isso não significa que eu goste de tudo. Como nunca fiz aula de música, para mim, a questão vai além da melodia. As canções partem, para me agradar, de boas letras. Não adianta vir com aquela história de que algumas música são feitas apenas para serem ouvidas e não para serem pensadas. Talvez, em virtude de pseudo-escrever tanto, eu goste de analisar a edição do que eu cantarolo por aí. E, como sou perfeccionista ao extremo, costumo estudar repertórios. Assim sendo, eu tenho o hábito de pegar o arsenal de um artista e dissecá-lo. Pesquiso acerca de minúcias em cada fase do meu objeto, analisando a evolução ocorrida.

Noite dessas me deparei com o Milton Nascimento em um programa de TV. Tão decadente. O tempo pode ser cruel com as pessoas. Sou fã dele há tanto anos e foi terrível vê-lo naquele estado. Mas como é a primeira vez que resolvo falar de música por aqui, não me sinto habilitada a começar já me referindo às maravilhas que esse homem já produziu. Registre-se, contudo, que ele foi a inspiração do post.

Falarei sobre Tiê. Como telespectadora do MTV Lab acabo sempre com um monte de novos nomes para estudar. Aconteceu com a referida garota, que dia desses estavam na companhia de Serginho nas Altas Horas da vida. Li por aí que Tiê é a Malu Magalhães para adultos. Quanta injustiça. Eu só gosto na Malu do seu namorado.

A Tiê é, em primeiro lugar, lindinha, tendo sido, inclusive, modelo da Ford. Já estudou canto em New York e foi também vocalista da banda do Toquinho. O primeiro álbum de sua carreira é independente e se chama Sweet Jardim. Apresenta a doce aglutinação de arranjos cuidadosamente delicados e uma voz para lá de afinada. E é super romântico. Com composições e composições da própria. O clip de Te Valorizo é uma graça ("Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar, e foi pra lá, e foi pra lá. E te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada de amor. Faltou o ar, faltou o ar"). Eu gosto bastante de Dois, Quinto Andar e Assinado Eu também. Mas como não adianta eu ficar descrevendo, descrevendo, descrevendo: http://www.myspace.com/tiemusica
Fica a dica.

domingo, 4 de outubro de 2009


O mundo gira. Dá voltas e mais voltas. Vai e vem. Faz os 360 graus e nós estamos aqui. Na exata mesma posição para a qual sempre retornamos. Você aí, eu aqui, um de frente para o outro. Com esse ar de "vamos tentar outra vez". Porque tudo parece claro hoje. Se você tivesse me ligado avisando que ia com os amigos para o bar, não teríamos brigado e estaríamos juntos até hoje. Se eu não tivesse alimentado o papo com o cara que chegou em mim enquanto você foi ao banheiro, nem teria havido discussão. Se nós fôssemos mais flexíveis, poxa, teria dado certo. É tudo tão simples. Nossa mania de complicar tudo é tão simples. E a gente briga para voltar com mais força. No lema "juntos para sempre". Tão bonito, tão simples e soa também. Ver você dar corda para a menina que odeio? Minha dor de cabeça de todo sábado a noite? Nosso "não queremos nos expor"? Que nada! A gente nasceu mesmo foi um pro outro. Não importa o caminho que cada um segue. Ali na frente, bem ali, a gente se topa de novo. Suas mentiras mal contadas não são nada. Minha falta de esforço em te agradar também não. Um cartãozinho aqui e pronto. Larga tudo e vem. Deixo o mundo e vou.