segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu tenho um milhão de teorias.

Uma delas é de que existem algumas pessoas que fazem qualquer filme valer a pena (qualquer coisa, na verdade, mas hoje o foco é o cinema). São eles: Sean Penn (do lindinho Lição de Amor e, claro, ex de Madonna), Meryl Streep (quinze vezes indicada ao Oscar e dos divertidos e recentes Terapia do Amor e O Diabo Veste Prada) e Woody Allen.

Ai, Woody!

Woody é bem conhecido pelas tiradas irônicas e frases de efeito. Defende que não há como superar a morte. Avesso ao calor, repudia a ideia de morar em um país tropical ou em uma cidade pequena. É admirador de Machado de Assis e, inclusive, já presenteou alguns amigos com Memórias Póstumas de Brás Cubas. Afirma que o autor brasileiro mistura sofisticação e diversão com grande habilidade.

Um final de semana desses eu resolvi rever (e eu detesto assistir filmes mais de uma vez) Vicky Cristina Barcelona. Cannes rejeitou o filme. Eu não! Já me encanto de cara com o fato do filme se passar nas ruas de uma cidade européia. A trilha sonora também é bastante agradável. E traz no elenco Penélope Cruz (sou louca pelo cabelo dessa mulher), Scarlett Johansson (atriz-cantora-etc-e-tal) e a gracinha da Rebecca Hall. Ah, sim! O galã é o Javier Bardem que, dizem, é o pai do filho que, dizem, Penélope está esperando. A Penélope inclusive ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante daquele ano (Ok! Sou fã da Penélope! Sempre espero a passagem dela pelos red carpets da vida). O enredo é sobre duas amigas, uma centrada e outra impulsiva, em férias por Barcelona, que se envolvem com um pintor, que tem uma ex-mulher maluca.

Achei o máximo os cortes no filme, os diálogos, os visuais das garotas, os cenários, as críticas sutis ou não ao comportamento humano, o enfoque peculiar em relação aos temas mais recorrentes do nosso dia-a-dia e, também, do final. Principalmente do amor visto como uma possibilidade que deve ser encarada quando e da forma que nos é oportunizada. Isto é, absolutamente Woody. E, portanto, ótimo! Porque eu vejo que eu tenho um mega parceiro para as minhas neuroses rotineiras.

Bate aqui, Woody!

domingo, 13 de setembro de 2009

Se tem algo que eu considero digno de ferrenhas críticas são aquelas pessoas que mudam quando começam a namorar. Exemplico. Minha amiga M me ligava desde segunda para tentar me convencer a sair no final de semana, em uma época que eu era mais caretinha, chatinha e preguiçosa. Eu, super legal como sou, apresentei a ela o seu atual namorado. A menina sumiu. Fica de ligar e não liga e sempre tem uma série de compromissos inadiáveis com as famílias do casal. Tem também a amiga B. B era super feminina e fashionista. Usava vestidinhos leves e alegres, fazia a make perfeita e tinha os acessórios luxuosos sonho de qualquer uma. Conheceu o atual namorado e agora só circula por aí de calça jeans e cabelo preso. Isso sem falar da K. A pobre K não sai mais de casa, porque o boy tem que morrer de estudar e ela não pode sair sozinha, pois vai que um dia ele resolve sair só também. Eu não tenho a menor paciência para nada disso. Outro dia escutei pela milésima vez que sou mandona, autoritária e mimada. E então eu não dou certo com ninguém, já que em um relacionamento é o homem quem deve estar no comando e blábláblá. Não sei se é bem assim, mas eu não faço o tipo "vou me adaptar ao seu jeito". Falta-me boa vontade para tanto. Eu tenho um ex-namorado que quis que eu mudasse muito em mim. Ele queria que eu deixasse minhas garotas companheiras de anos para me sucumbir às opiniões do amigos chatos dele. Quis que eu risse das piadas daqueles meninos. Quis que eu não desse bom dia para o porteiro do prédio ou não fosse simpática com o garçom do restaurante. Quis que eu fizesse as unhas duas vezes por semana. Quis que eu fosse sorridente em jantares em restaurantes ultrapassados. Quis que eu virasse uma adepta de filmes de super-heróis. Quis que eu engordasse uns quilos e entrasse na academia. Quis que eu me contentasse com pouco. Ou com o que o fazia feliz. Pobrezinho. Ele escolheu a mocinha errada. A senhorita aqui é muito bem resolvida e não vai fingir amor, felicidade e simpatia para agradar aos outros. Não vai se transformar em uma bonequinha com tiradas moderadas. Não porque seja auto-suficiente. Mas pela consciência de que amores vêm e vão. E o que a gente é e o que a gente quer é o que precisa permanecer e ser certo. O resto é efêmero e passa.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009


Aaaaai, dói. Infinitamente. E eu não sei a causa exata. Mas dói. Pior que o quase desmaio de outro dia. É essa tendência de quase chorar o tempo todo. De não ter mais onde se apegar. De ter o mundo ao redor, mas não querer nada do que se tem. Cada machucado, então, resolve dar as caras e dizer que não foi cicatrizado e jorra sangue por todos os lados. E inunda a sala, a cozinha, o banheiro. E arde, de repente, cada ferida. Que vontade de deitar na cama e não levantar por uma semana. Chorar compulsivamente e ligar para todas as amiguinhas de décadas. Só isso e mais nada. Desejo de chuva, vento, frio. Impulso de sair correndo pro médico e pedir um remédio para o doutor. Umas pilulazinhas que sejam. De efeito imediato. Só faz parar tanta dor. Internação, se for o caso. Eu fico na clínica o tempo necessário. Uma semana, um mês. Me seda. Me joga na UTI. Me entuba. Me coloca no soro. Mas faz parar de doer. Devolve minha saúde. Cura os meus machucados. Aplica injeções. Só me deixa boazinha outra vez. Estanca esse sangue todo. Faz um curativo que seja. Coloque band-aids coloridos. Fecha tudo isso que tá aberto. Dê sessenta e sete pontos horrorosos. Faz com que eu fique melhor. Não me deixa perder mais sangue. Não me deixa assim exposta pras bactérias, pros microorganismos, pro mundo. Cuida de mim!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009


O post do dia é uma confissão de covardia. Acho que todo mundo já está cansado de ler por aqui acerca do meu pânico por relacionamentos saudáveis. Todas as pessoas que convivem comigo sabem que tenho uma alergia a envolvimentos. Eu sempre creditei isso ao fato de que não há na minha família nenhum casalzinho feliz. Portanto, falta-me inspiração para cenas românticas em parques, por exemplo (mas te dou super apoio, Fê!). E eu construí um milhão de barreiras quase instransponíveis para o tal do amor entre menino e menina e suas manifestações mais simples e corriqueiras. Uma vez, há não muito tempo, o meu melhor amigo de anos pegou meu pobre coraçãozinho, jogou pro alto e saiu correndo. Pobre heart se espatifou e algumas partes continuam perdidas por aí. Então, as coisas pioraram. Porque eu não tenho dado muita chance para as pessoas. Desconfio de tudo. E nego, absolutamente, o direito ao contraditório e à ampla defesa a qualquer uma delas. Só que as pessoas não merecem isso. E elas não têm nada a ver com as minhas deficiências naturais. Outro dia eu fiz alguém chorar. E fazer alguém chorar fez a minha alma doer. Fazer chorar alguém que nunca te deu o menor motivo para não gostar, destrói. Fazer chorar alguém com quem você divide os melhores planos para o futuro, é um ato de pura mediocridade. Então, eu peço, covardemente, desculpas a todos aqueles que tentaram entrar na minha vida e foram recebidos com armas empunhadas, a quem eu fiz chorar (mesmo sem querer), e a mim mesma pela falta de disponibilidade emocional.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ontem eu quase desmaiei. Ontem foi um daqueles dias que eu torci para acabar rápido. Ontem foi um dia que considerei perdido. Ontem foi meu terceiro dia de febre intensa, tosse, espirros e dores do corpo. Ontem foi o dia que acordei após 15 horas de sono profundo. Ontem eu resolvi que faria tudo o que vinha adiando. Aula chata com chamada. Organização da minha sala. Verdades para o chefe II. Deveres de casa. Amigos novos. Reuniões para o trabalho voluntário. Caronas. Banco. Compras. Contas. Ontem eu quis fazer tudo o que não fiz em um mês. Ontem eu decidi que queria te ver. Ontem te encaixei no meu dia. Com a pior das desculpas. Inventei desculpas só para mim (nem me preocupei em passá-las a você). Ontem eu percebi que precisava te ver. Eu tinha que lembrar do seu rosto com precisão. E não podia ser em um jantar romântico ou em uma peça de teatro. Eu necessitava te ver em um outro ambiente. E fui. Ontem eu vi que falta um pouco de tinta no seu mundo. Ontem eu te olhei e te achei lindo. Amei seu corte de cabelo, sua barba por fazer. Acrescentaria cores à sua blusa, trocaria o seu sapato e roubaria as suas ideias brilhantes e saídas inteligentes. Ontem eu tive certeza que o nosso amigo tinha razão quando disse que você era perfeito para mim e eu era perfeita para você. Mas aí veio a vertigem e eu quase desmaiei. Nas escadas, na sua sala, no seu quarto. Tudo escureceu. E o mundo girou ao meu redor. Ontem eu juro que quase desmaiei. Eu juro, juro, que queria justificar colocando a culpa no calor ou na minha má alimentação do dia. Ou na minha gripe. Eu juro que queria que fosse qualquer dessas possibilidades. Mas não foi. Eu juro que me dói dizer isso. Ontem eu quase desmaiei, porque quando te vi com todo aquele ar irônico e aqueles olhos de cumplicidade, eu pensei que seria feliz ao seu lado. E eu quase desmaiei nessa hora, porque eu percebi que tenho pânico de relacionamentos tranquilos e potencialmente bons. Eu quase desmaiei, porque me odiei por falar tantas bobagens e tentar parecer uma criança de cinco anos de idade só para você não gostar de mim. Eu juro que me odiei por colocar tudo a perder. E eu quase desmaiei quando você esticou os braços para me abraçar e me tocou com aquela malícia toda. Eu juro que me odeio por causa desse pânico todo. Eu juro que te queria aqui medindo minha temperatura de cinco em cinco minutos. Eu juro que queria estar aí para cuidar das suas infindáveis dores nas costas. Ontem foi o dia que eu quase desmaiei para te evitar.