sábado, 11 de julho de 2009

A (cerca) de Pedro.
Acho que nunca vou esquecer do dia em que descobri que Pedro finalmente tornara-se um ser. Passei em uma farmácia e comprei um destes testes rápidos e corri para a casa da minha melhor amiga. Dentro daquele banheiro com um espelho completamente rabiscado por batom, surgiu o positivo. Jamais me opus à contracepção. Vejo-a como uma opção, um direito. Mas, naquele momento, eu queria Pedro. Os nove meses foram realmente longos. Consegui menos estrias do que minha pele pouca elástica costumaria me presentear. Menos quilos também. Trabalhei mais do que gostaria nesse período. A rotina de papelada e burocracia não me abandonou. Assim como os códigos. Imaginei um milhão de possibilidades para o parto. Nada tão exótico como os de Angelina. Acabaram-me fazendo-me crer que o tal parto normal seria melhor. E foi menos difícil do que eu imaginara dar à luz. E seu nome seria mesmo Pedro. Sem maiores objeções. Simples, prático, impassível de erros de ortografia. Tive medo de que Pedro desmontasse em minhas mãos no primeiro banho. Ainda com os resquícios em minha memória das maravilhas da amamentação de que tanto argumentei minha monografia, Pedro simplesmente recusou o leite materno. O consolo é que seria uma cirurgia plástica a menos no futuro. Pedro tinha um sono tranqüilo. Não puxara a mãe. Aliás, da mãe mesmo tinha o nariz. Ele era bonito demais para se parecer com a mãe. Cuidadosamente delicado.
(Continuo)